Disseram que faltava ódio no meu coração

Rayssa Guth
4 min readMay 31, 2021

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Sim uma amiga querida teve a coragem de dizer isso para mim. Olha, pelo bem dela eu li Plutarco e ele diz algo mais ou menos como: “Amigo bom é aquele que fala na cara”. Okay, você consegue ter ódio no coração então fique, segue a notícia de que meu manjericão floriu. Ponto.

Mas a foto saiu desfocada, nem todo dia a gente ganha…

Eu plantei o manjericão em setembro e eu o como quase todo dia, e detalhe: já fiz 3 pés dele. #RESPECT

É claro que não tem ódio no meu coração. Mas tem raiva, a isso tem, veja: eu perdi o momento da flora focando na coisa errada, eu sempre faço isso. Então vou te contar uma coisa que está acontecendo: Eu mandei um relatório e nele tinha esse link. Pois bem, vamos falar de link hoje. Tá?

Mas antes, veja provas da quantidade de paz que existe entre eu e a natureza. Só para calibrar seu senso critico.

#Natural #Respect #CoExistentecia

Sim, eu abraço árvores e faço carinho nas que eu encontro ao longo do caminho. Nunca ouviu falar em textura e amor a mãe natureza, não? Meu deus. Pare de se julgar, Rayssa.

Vamos a raiva, faz um ano que você está se cobrando esse exercício.

Questão:
Você já desenvolveu um sistema aberto e algum momento tinha um link e a pessoa não clicou e ignorou completamente a tarefa e morreu no flow?

Sim é esse o problema e terei discorrer e provavelmente irei procrastinar a solução. (Dito e feito)

Primeiro vamos ao início de tudo: eu desenvolvi o protótipo de uma IA que me ajuda a concluir tarefas sem que eu precise acompanhar, reduzindo meu tempo de atenção e foco em assuntos triviais ❤. Na primeira entrega tem um doc com um link para uma planilha. Simples, nada de um bicho sete cabeça, certo?

Alguns leem isso e falam: gênio e outros vão se escandalizar, desculpa. Minha mãe aconselha a não escandalizar ninguém, então vou explicar. Tudo começou com essa tabela:

Levei o sentido de Programe literalmente

Eu vi esse diagrama ser utilizado em muitas das minhas experiências de trabalho. Queria testar uma hipótese. E se… existe.

O usuário simplesmente ignorou a tarefa, decidiu fazer o produto final sozinho, em outra plataforma e me mandar o doc totalmente fora do que eu pedi e avançou sozinho. Como desenvolvedora eu estou vendo esse comportamento e me questionando: Não era só clicar no link? E alimentar o banco de dados?

Ele visualizou exatamente o que eu queria, mas não fez comigo, fez sozinho como um cavalo selvagem. Deve ser karma, não é possível. Ele continua a se negar a entrar no meu flow, preencher a planilha e me ajudar a ajudar ele. Sério gente, um pontinho fora da curva é problema de mais para ficar de boas.

Aí eu tô a 2 dias buscando a solução para a treta, né? Li partes do livro UX Writing, acessei os módulos do Cappacita MDT e pedi ajuda para uma amiga UX Design Pleno e falei d+ num grupo de discussão. A verdade é que as pessoas não conseguem me ajudar.

Um abacate para ficar mais gostoso

Eu sei o que o Adorno falaria nesse momento me rechaçando:

“Uma vez que ela [a crítica cultural] retira o espírito da dialética que este mantém com as condições materiais, passa a concebê-lo unívoca e linearmente como um princípio de fatalidade, sonegando assim os momentos de resistência do espírito.” (ADORNO, 2001, p. 13).

dialética

substantivo feminino

  1. FILOSOFIA

em sentido bastante genérico, oposição, conflito originado pela contradição entre princípios teóricos ou fenômenos empíricos.

  • no platonismo, processo de diálogo, debate entre interlocutores comprometidos com a busca da verdade, através do qual a alma se eleva, gradativamente, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou ideias.
  • no aristotelismo, raciocínio lógico que, embora coerente em seu encadeamento interno, está fundamentado em ideias apenas prováveis, e por esta razão traz em seu âmago a possibilidade de ser refutado.
  • no kantismo, raciocínio fundado em uma ilusão natural e inevitável da razão, que por isto permanece no pensamento, mesmo quando envolvido em contradições ou submetido à refutação.
  • no hegelianismo, lei que caracteriza a realidade como um movimento incessante e contraditório, condensável em três momentos sucessivos (tese, antítese e síntese) que se manifestam simultaneamente em todos os pensamentos humanos e em todos os fenômenos do mundo material.
  • no marxismo, versão materialista da dialética hegeliana aplicada ao movimento e às contradições de origem econômica na história da humanidade.

Eu amo Adorno

Então decidi: Sem planilhas, vou manter a dialética e não a crítica cultural.

Cheguei a fazer o que a estrutura criticada por Adorno observa, respirei fundo e perguntei. Peguei as fontes de estudo e esqueci. Fiz uma oração.

Percebi que o problema não era o botão, mas o sistema. E voltei ao desenho de uma ideia..

E se o erro funcionasse num grupo?

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Rayssa Guth

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